Empresa aposta no respeito às diferenças para melhorar o clima organizacional e gerar mais resultados

Ela é segura, firme e está sempre pronta para encarar desafios. A força de Soraya de Freitas Souza, de 28 anos, vem da sua luta em ser quem ela é. Até 2012, Soraya era Luis Gustavo e morava em Pouso Alegre, cidade com pouco mais de 140 mil habitantes no sul de Minas Gerais.

Formada em Administração de Empresas, se especializou em Logística, área em que atuava numa grande empresa da região. Apesar da sua vasta experiência profissional, via colegas com menos tempo de prática serem promovidos para novas oportunidades. Entendeu que sua transição de gênero era, naquela ocasião, um impedimento para crescer profissionalmente – uma realidade para muitos brasileiros.

“Com  apoio da minha mãe, decidi mudar para o Rio de Janeiro na cara e na coragem. Fui morar numa república de mulheres em Vargem Pequena e acordava todos os dias antes das 5 horas da manhã para ir ao Centro do Rio entregar currículo. Aquela era a minha alternativa. Eu me recusava a acreditar que só existe rua ou salão para quem é transgênero” – relata.

Transgênero (trans) é o indivíduo que se identifica com um gênero diferente daquele que corresponde ao seu sexo atribuído no momento do nascimento. E, apesar de tantas campanhas informativas e educacionais, bem como do aumento do acesso dos brasileiros à informação por meio da internet, a taxa de homicídios de pessoas transexuais em 2017 foi a maior registrada nos últimos dez anos.

Relatório – Dados do Mapa dos Assassinatos de Travestis e Transexuais, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), mostram que, no ano passado, foram 179 assassinatos de transexuais e travestis, um aumento de 15% nos homicídios desta população em relação a 2016. O relatório revela que o Brasil ocupa o primeiro lugar em assassinatos de travestis e transexuais do mundo, sendo o estado da Paraíba o que mais mata, seguido de Alagoas e Tocantins. O nordeste concentra o maior número de mortes (69), seguido do Sudeste (57), o Norte e Sul, ambos com 19.

“Muitas pessoas acabam saindo de casa cedo por não contar com o apoio e respeito da própria família. Com isso, deixam de estudar, se formar e conseguir melhores oportunidades. Eu, por exemplo, não falo com meu pai há 12 anos. Ele é militar e eu compreendo sua dificuldade em me entender e aceitar. Mas eu não deixei que isso me paralisasse”.

No Rio, Soraya ficou sabendo de uma seleção para vagas temporárias de Páscoa na rede de supermercados Prezunic. Se inscreveu, participou do processo e foi contratada. “Comecei na loja da Taquara. Dias depois, descobriram que eu tinha que estar na loja da Praça Jauru. E, para minha surpresa, os gerentes da Taquara não quiseram abrir mão de mim. Viram valor no meu trabalho, na minha dedicação. Aquela postura me fez ter certeza de que eu seria sempre respeitada, independente do meu gênero”- lembra.

Um ano e dez meses depois, Soraya recebeu sua primeira promoção dentro da empresa, passando de Auxiliar de Operações a Gerenciadora de Mercadorias. “Quero crescer cada vez mais e sei que aqui será possível. O Prezunic tem uma Política de Diversidade e Inclusão. Não há diferença entre cor, raça, sexo ou idade. Estamos aqui para trazer resultados e é nisso que focamos nossa energia. Carregar esse pequeno botton no meu peito com o nome Soraya tem um enorme significado pra mim. E isso me motiva a fazer mais e melhor a cada dia”.

Diversidade – O diretor geral do Prezunic, Paulo Drago, explica que a política de diversidade e inclusão da rede faz parte das diretrizes da Cencosud Brasil, um dos maiores grupos varejistas da América Latina, com mais de 50 anos de expertise no setor. No Brasil, além do Prezunic, o grupo opera as bandeiras GBarbosa, Perini, Mercantil Rodrigues e Bretas.

“Seguimos um código de ética que reforça as normas de procedimento do grupo. Entre elas, há um termo que impede a discriminação em qualquer circunstância, valoriza a diversidade e chama os colaboradores a fazer denúncias diante de condutas irregulares. Hoje, temos colaboradores que possuem união homoafetiva, por exemplo, e o benefício do plano de saúde se estende ao cônjuge. Recentemente, lançamos um curso sobre Diversidade e Inclusão na nossa universidade à distância. Lutamos para quebrar o preconceito” – explica Paulo, ressaltando que todas as pessoas admitidas na empresa passam por uma etapa de capacitação onde os temas diversidade e inclusão são reforçados.

“Empregamos diretamente cerca de 7 mil pessoas no Rio de Janeiro. Pela 8º vez, o Prezunic ficou entre as melhores empresas para trabalhar no Brasil e no Rio de Janeiro, segundo ranking Great Place to Work (GPTW). Não temos dúvidas de que estamos no caminho certo. Valorizar nossos colaboradores é valorizar nossa empresa. É crescermos junto com ela” – afirma.